Método e ferramentas: a qualidade da análise
O ato de capturar, filtrar e seqüenciar os insumos informacionais está na base de qualquer processo de Inteligência. Não obstante, repousa sobre o trabalho de análise o que é mais importante para a Inteligência: assessorar gente que precisa de informação confiável para realizar o seu trabalho e tomar as decisões estratégicas em uma organização.
A operação eficaz disso tudo hoje em dia requer sistemas computacionais que facilitem o processamento da informação em tempo real, permitindo mais tempo aos analistas para refletirem sobre o todo. É a visão do todo que os habilita a inferir, imaginado o que ainda não é possível ver.
Os sistemas são aptos a reunir e armazenar informação de muitas fontes, primárias e secundárias, indo das maiores e mais expressivas para as menos conhecidas e até mesmo as com foco em interesses especializados e pontuais. Eles devem ser compatíveis com as diversas formas de transmissão de dados (por satélite, linha dedicada, internet, etc.). Embora seja grande a variedade de formatos de dados transmitidos, os sistemas são capazes de separar conteúdos para as primeiras rodadas de análise mais abrangente. Tais rodadas requerem dos analistas certo grau de tolerância com as possíveis redundâncias e gaps de informação. Os sistemas produzem metadados, dados sobre os dados processados, e é isto que permite a localização das frações de informação relevante em meio a miríades de bytes armazenados.
Enquanto este processo pode parecer bastante mecânico e impessoal, é bom mencionar o impacto positivo da inteligência humana sobre os equipamentos tecnológicos, gerando uma grande sinergia. Disso resulta a maximização do bom senso, da noção de valor e do julgamento ponderado sobre as opções. O capital intelectual decorre justamente da incorporação de inteligência humana à tecnologia e vice versa.
Bem, talvez isto possa parecer suficiente para completar a análise e fechar mais uma noite de trabalhos com a Inteligência. Houve refinamento de percepções sobre anomalias, similitudes e tendências descobertas, alertas críticos e indicações de perspectivas promissoras. Estimulados com café os analistas carregaram as memórias dos servidores para a continuidade do atendimento das demandas no dia seguinte. Não só as demandas dos usuários da Inteligência, tomadores de decisão, mas também para orientar o trabalho diurno dos coletores, pois na manhã seguinte começa tudo de novo.
Em termos de objetividade, há vários pontos de tensão na atividade da Inteligência, e eles podem ir desde a sonegação de informação, verdadeiro “calcanhar de Aquiles” de qualquer sistema de informação, passando pela falta de especialização específica nessa área de conhecimento, indo até os fatores subjacentes de tempo (prazo) e de capacidade de processamento e análise. Em níveis estratégicos, o âmago da função análise pode se concentrar em poucas dimensões, como as seis referenciadas aqui, que servem para segmentar o processo segundo a lógica dos negócios. Tais dimensões dizem respeito a:
- Reconhecimento – capacidade de reconhecer e identificar pessoas, lugares, organizações;
- Padrão – capacidade de perceber semelhanças, diferenças, tendências, correlacionando-as;
- Intensidade – capacidade de avaliar a intensidade com que as ações, situações e fatos acontecem;
- Intenção – capacidade de estimar os sentimentos, a opinião, as crenças, a vontade das partes envolvidas, etc.;
- Mudança – capacidade de interpretar as mudanças ocorridas ao longo do tempo nas 4 dimensões anteriores; e
- Emergências – capacidade de informar rapidamente os usuários de Inteligência sobre as situações emergenciais de ameaças e oportunidades.
Conduzindo as análises com este enquadramento, por exemplo, é possível reduzir o número de hipóteses factíveis e eliminar orientações menos produtivas, diminuindo horas de extenuante processamento. O tempo economizado é naturalmente revertido para uma melhor reflexão sobre as hipóteses mais “quentes”, permitindo o ajuntamento de mais idéias e a melhora da racionalidade na Inteligência.
