A segunda potência econômica do mundo encontra no trabalho a porta para o domínio mundial
Segundo a Wikipédia, o ocidente costuma usar o símbolo do dragão como um emblema nacional da China. Entretanto, em visita recente que fiz àquele país, pude comprovar que isso já não acontece tanto, a não ser para relembrar as histórias de imperadores e para encantar os visitantes com os brilhantes espetáculos em que homens se vestem de dragão. E nesses shows o dragão nunca para de se mexer. Assim é a China!
O livro CIA – um relato prospectivo sobre o mundo – previa que no ano de 2025 a China alcançaria o segundo posto da economia mundial, ficando atras somente dos Estados Unidos, mas isso aconteceu em 2010, 15 anos antes, mostrando a velocidade de transformação do mundo.
Mas no caso da China, não foi somente a velocidade das mudanças produzidas pela globalização e o avanço das tecnologias que fizeram com que ela alcançasse tão rápido o posto de segunda economia do mundo, mas também os seus méritos. Para mim, talvez, o principal é que os chineses não param, trabalham dia e noite, sete dias por semana. Isso mesmo, lá não tem sábado, domingo e nem feriado, a não ser é claro para os funcionários públicos e também nas comemorações de ano novo chinês, que normalmente se estendem por duas semanas de comemorações. Fora isso, eles trabalham sem parar.
Estive nas principais cidades chinesas agora em abril de 2011 e pude perceber o rítmo frenético dos chineses, deixando o rítmo dos paulistanos aqui no Brasil bem pra trás. É isso mesmo! E olha que quem vos escreve é um paulista workaholic confesso. O resultado de tanto trabalho não poderia deixar de ser a geração de riqueza para o país e por isso, eles estão conseguindo crescer tanto e ameaçar inclusive o posto de liderança mundial dos Estados Unidos.
Efeitos Colaterais
Mas esse ritmo alucinado de trabalho também tem seus efeitos colaterais, comprovando aquela máxima popular que diz que “tudo o que é demais, estraga”. O fato deles não pararem nem sequer um dia para o descanso deixa claro a falta de respeito com o ser humano, que necessita reservar um tempo para todas as coisas. Esta falta de respeito às pessoas ficou mais clara quando descrobrimos que por lá não há nenhuma legislação trabalhista e, portanto, não há férias, 13 salário, auxílios, horários de almoço, etc. Cansei de ver os vendedores do comércio almoçando no balcão de suas lojas enquanto atendiam seus clientes. Os funcionários podem morar em alojamentos nos fundos das lojas e podem ser demitidos a qualquer momento sem qualquer justificativa. Este aspecto trabalhista explica o sucesso das exportações chinesas, que através de uma mão de obra semi-escrava, realiza grandes volumes de vendas a um custo desproporcional com as economias de outros paises, dentre eles o Brasil.
Outro ponto crítico é que em todas as cidades que visitei na China, a poluição é extrema. De novo, São Paulo vira fichinha perto dessas cidades. É impressionante! Na cidade de Guanzhou, por exemplo, que possui pouco mais de 6 milhões de habitantes e onde acontece a maior feira de importação e exportação do mundo, a Canton Fair, você quase não vê o céu. Os prédios se perdem na esvoaçada paisagem.
Certamente o futuro da China será de muito sucesso, mas com um alto custo ético que o mundo deveria estar mais atento e não apenas se aproveitar dos baixos preços.
Segura, que o Dragão não dorme e solta fogo pelas bocas. Tomara que ele não queime ainda mais o Brasil!
Sucesso.
Paulo Junior